Ih,
grilos. Os grilos, lícitos. Os grilos charivários. O grilo
hortelão. O grilo agrícola. Os grilos — sempre por um triz! Os
grilos tinem isqueiros. Os grilos, aí. O chirpio dos grilos. O trilo
intranquilo. O milgrilejo, o miligril, a griloíce, o visgrilo
(bisgrilo é a cantoria das cigarras). O impertinir. O esmeril do
grilo. O outro e outro grilo. (Os grilos do mato são mais
langorosos, têm habitat úmido. Esses, tocam viola.) O grilo,
trogloditazinho trovador, rabeca às costas, sai de seu hipogeu, para
vir comer as folhas da framboeseira. Aí, o grilo:
Isto
é, ele se sai, muito vestido, de pé, de botas, é o grilo-de-botas,
de mosqueteiro, fininhas plumas no chapéu, fininhos bigodes, e de
espada à cinta, flanflim, só que inda traz, saindo-lhe dos cantos
da boca, um pedacinho verde de folha — para de inofensivo se
fingir, ou por descuido, ou vício, ou garbo de grilo. Fazia lua
cheia, um luar desses, de todo o ar, o luar estava com tudo. A lua:
Ó. O grilo olha para ela. Diz, mão à ilharga, cofiando antenas, o
grilinho:
— A
lua, hem... Saudade de quem?
Guimarães
Rosa, in Ave, palavra
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