ela
se inclinou sobre o lado da cama
e
abriu um portfólio
junto
à parede.
estávamos
bebendo.
ela
disse, “você me prometeu esses
quadros
uma vez, não
lembra?”
“o
quê? não, não, não lembro.”
“bem,
você prometeu”, ela disse, “e você
sabe
que promessa é dívida.”
“tire
a mão desses quadros”,
eu
disse.
então
fui até a cozinha buscar
uma
cerveja.
fiz
uma parada para vomitar
e
quando voltei
pude
vê-la sair pela janela
atravessando
o pátio
em
direção à sua casa que ficava nos fundos.
ela
tentava correr e ao mesmo tempo equilibrar 40 pinturas
sobre
a cabeça:
óleos
telas
em preto e branco
acrílicos
aquarelas.
ela
pisou em falso e quase
caiu
sentada.
então
subiu depressa os degraus da varanda
e
sumiu porta adentro em direção ao
seu
apartamento que ficava escada acima
avançando
com todos aqueles quadros
sobre
a cabeça.
foi
uma das coisas mais
engraçadas
que jamais vi.
bem,
suponho que o negócio agora seja
pintar
mais 40.
Charles
Bukowski, in O amor é um cão dos diabos
Nenhum comentário:
Postar um comentário