quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O mito do ‘fim da história’

Se nenhum de nós estiver disposto a morrer pela liberdade, todos morreremos sob a tirania.”
Snyder fecha seu livro afirmando que ‘tivemos nossa guarda baixadas’, iludidos com a política da inevitabilidade, que era a ideia de que a história estava fadada a se mover em uma só direção: a da Democracia Liberal. Fomos impregnados com o mito do ‘fim da história’.
Com essa espécie de letargia, reprimimos a imaginação, e abrimos caminho para que germes de regimes que prometemos nunca mais reviver voltassem a nos rondar. A história deixou de ser relevante, logo, quando ela se mostra disposta a se repetir, somos pegos desprevenidos.
Além da política da inevitabilidade, também fomos atingidos pela política da eternidade: ela se interessa pelo passado, mas de forma egocêntrica, livre de qualquer compromisso com a objetividade dos fatos.
O espírito de nostalgia reina nessa política, um desejo de retorno de momentos gloriosos que jamais aconteceram, e que, na realidade, foram desastrosos — e quase sempre tirânicos/ditatoriais.
Para o autor, corremos o perigo de passar da política da inevitabilidade para a política da eternidade, de uma ingênua e imperfeita república democrática para uma confusa e cínica oligarquia fascista.
Uma coisa é certa: se os jovens não começarem a fazer história, os políticos da eternidade e da inevitabilidade a destruirão. E, para fazer história, os jovens terão de conhecê-la um pouco. Isso não é o fim, mas um começo.”
Timothy Snyder, in Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente

Nenhum comentário:

Postar um comentário