Em nenhuma atividade é bom sinal se, de
início, existe o desejo de vencer - emulação, violência, ambição,
etc. Deve começar-se por amar a técnica de cada atividade por si
própria, como se ama a vida pelo simples prazer de viver.
Nisto consiste a verdadeira vocação e a
promessa de êxito sério. Em seguida, poderão vir todas as paixões
sociais imagináveis, para reanimar o puro amor da técnica - têm
mesmo que vir -, mas começar por elas é indício de que se deseja
perder tempo. Em suma, é preciso amar uma atividade, como se mais
nada existisse no mundo, por si própria.
É por isso que o momento significativo é
o do início: porque, então, é como se o mundo (paixões sociais)
não existisse ainda no que diz respeito a essa atividade.
Também porque toda a gente é capaz de
se interessar por um trabalho que se sabe quanto rende; o difícil é
apaixonarmo-nos gratuitamente.
Cesare
Pavese, in O
ofício de viver
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