Tenho
um mistério na alma e um segredo na vida:
Eterno
amor que, num momento, apareceu.
Mal
sem remédio, é dor que conservo escondida
E
aquela que o inspirou nem sabe quem sou eu.
A
seu lado serei sempre a sombra esquecida
De
um pobre homem de quem ninguém se apercebeu.
E
hei de esse amor levar ao fim da humana lida,
Certo
de que dei tudo e ele nada me deu.
E
ela que Deus formou terna, pura e distante,
Passa
sem perceber o murmúrio constante
Do
amor que, a acompanhar-lhe os passos, seguirá.
Fiel
ao dever que a fez tão fria quanto bela,
Perguntará,
lendo estes versos cheios dela:
“Que
mulher será esta?” E não compreenderá.
Félix Arvers, em tradução de Olegário Mariano
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