As
bolas de sabão que esta criança
Se
entretém a largar de uma palhinha
São
translucidamente uma filosofia toda.
Claras,
inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas
dos olhos como as coisas,
São
aquilo que são
Com
uma precisão redondinha e aérea,
E
ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende
que elas são mais do que parecem ser.
Algumas
mal se veem no ar lúcido.
São
como a brisa que passa e mal toca nas flores
E
que só sabemos que passa
Porque
qualquer coisa se aligeira em nós
E
aceita tudo mais nitidamente.
Alberto
Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa
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