Nenhum
homem acredita piamente em nenhum outro homem. Pode-se acreditar
piamente numa ideia, mas não em um homem. No mais alto grau de
confiança que ele pode despertar, haverá sempre o aroma da dúvida
— uma sensação meio instintiva e meio lógica de que, no fim das
contas, o vigarista deve ter um ás escondido na manga. Esta dúvida,
como parece óbvio, é sempre mais do que justificada, porque ainda
não nasceu o homem merecedor de confiança ilimitada — sua
traição, no máximo, espera apenas por uma tentação suficiente. O
problema do mundo não é o de que os homens sejam muito suspeitos
neste sentido, mas o de que tendem a ser confiantes demais — e de
que ainda confiam demais em outros homens, mesmo depois de amargas
experiências. Acredito que as mulheres sejam sabiamente menos
sentimentais, tanto nisto como em outras coisas. Nenhuma mulher
casada põe a mão no fogo por seu marido, nem age como se confiasse
nele. Sua principal certeza assemelha-se à de um batedor de
carteiras: a de que o guarda que o flagrou poderá ser subornado.
H.
L. Mencken, in
O livro dos insultos
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