Aprendi
a viver com simplicidade, com juízo,
a
olhar o céu, a fazer minhas orações,
a
passear sozinha até a noite,
até
ter esgotado esta angústia inútil.
Enquanto
no penhasco murmuram as bardanas
e
declina o alaranjado cacho da sorveira,
componho
versos bem alegres
sobre
a vida caduca, caduca e belíssima.
Volto
para casa. Vem lamber a minha mão
o
gato peludo, que ronrona docemente,
e
um fogo resplandecente brilha
no
topo da serraria, à beira do lago.
Só
de vez em quando o silêncio é interrompido
pelo
grito da cegonha pousando no telhado.
Se
vieres bater à minha porta,
é
bem possível que eu sequer te ouça.
Anna Akhmátova, em Antologia poética
Nenhum comentário:
Postar um comentário