Os
rios recebem, no seu percurso,
pedaços
de pau, folhas secas, penas de urubu
E
demais trombolhos.
Seria
como o percurso de uma palavra antes de chegar ao poema.
As
palavras, na viagem para o poema, recebem nossas torpezas,
nossas
demências, nossas vaidades.
E
demais escorralhas.
As
palavras se sujam de nós na viagem.
Mas
desembarcam no poema escorreitas: como que filtradas.
E
livres das tripas do nosso espírito.
Manoel de Barros, em Ensaios fotográficos
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