Amor,
cego, rapaz, travesso, e zorro,
Formigueiro,
ladrão, maldoutrinado,
Em
que lei achai vós, que um home honrado
Há
de andar trás de vós como um cachorro?
Muitos
dias, Mancebinho, há, que morro
Por
colher-vos um tanto descuidado,
Que
à fé que bem de mim tendes zombado,
Pois
me fazeis cativo, sendo forro.
Não
vos há de valer erguer o dedo
Se
desatando a voz da língua muda
Me
não dais minha carta de alforria.
Mas
em tal parte estais, que tenho medo,
Que
alguém poderá haver, que vos acuda,
Sem
que pagueis tamanha rapazia.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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