sábado, 3 de dezembro de 2022

Cena carioca – III

Tem uma hora em que o militante, o conservador, o acomodado, o sectário, o fanático, o xiita, juntos, chegam lá. É quando passa a carioca. Slogans perdem feio pras verdades eternas:
Se verde é assim, que dirá madura...
A nora que mamãe pediu a Deus...
Eu me afifava todo nessas covas...
O trânsito engarrafa, a apuração é outra, ministros corruptos vibram com a lisura das voltas redondas. Vale todo tipo de aliciamento. Não há penas previstas - a não ser, depois, saudade e porre.
Os baixinhos são os mais hipócritas. Pertencem à Tradicional Família Mineira: fingem que não veem, mas são os que mais pensam bobagem.
Diante do valor da cauda alevantada, Surtão abana, modestamente, a dele.
E cabe aqui um instante de profunda reflexão: quantos votamos, no último momento, atados por qualquer temor obscuro, levados por algum preconceito latente, visando vantagens pessoais?
Ninguém pode dizer isso da moça que passa.
Ela não tem rabo preso. Muito pelo contrário…

Aldir Blanc, in Brasil passado a sujo

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