Dia
18 de novembro de 2008
Intento
ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença como
condição de felicidade nunca teve lugar na minha vida, e se é
certo que procuro obstinadamente o sossego do espírito, certo é
também que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões.
Trato de habituar-me sem excessivo dramatismo à ideia de que o corpo
não só é finível, como de certo modo é já, em cada momento,
finito. Que importância tem isso, porém, se cada gesto, cada
palavra, cada emoção são capazes de negar, também em cada
momento, essa finitude? Em verdade, sinto-me vivo, vivíssimo,
quando, por uma razão ou por outra, tenho de falar da morte…
José Saramago, in O caderno
Nenhum comentário:
Postar um comentário