Seja
como o promontório que permanece firme quando as ondas quebram nele
e que doma a fúria da água ao seu redor.
Estou
infeliz porque isto aconteceu comigo? Não. Estou feliz apesar disto,
pois continuo sem sentir dor, sem ser esmagado pelo presente e sem
temer o futuro. Algo como isto poderia ter acontecido com qualquer
homem, todavia nem todos permaneceriam livres da dor. Por que, então,
isto é admitido como infortúnio e não como dádiva?
Você
considera um obstáculo isso que não o desvia de sua natureza?
Ademais, considera um desvio isso que não é contrário à vontade
da natureza do homem? Bem, você conhece a vontade natural. Nesse
caso, isso o impedirá de se manter justo, magnânimo, temperante,
prudente e protegido contra falsidades e opiniões inconsideradas? De
cultivar a modéstia e a liberdade e de reunir todas as qualidades a
partir das quais a natureza do homem obtém tudo que lhe pertence?
Quando
se aborrecer, lembre-se de aplicar esta convicção: “Isto não é
um infortúnio e, caso eu suporte nobremente, será uma dádiva.”
Marco Aurélio, in Meditações
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