terça-feira, 19 de outubro de 2021

Somlyo Georgy

Amo na Hungria o entrelaçamento da vida e da poesia, da história e da poesia, do tempo e do poeta. Em outros lugares se discute este assunto com mais ou menos inocência, com mais ou menos injustiça. Na Hungria todo poeta está comprometido antes de nascer. Attila Joseph, Ady Endre, Gyula Illés são produtos naturais de um grande vaivém entre o dever e a música, entre a pátria e a sombra, entre o amor e a dor.
Somlyo Georgy é um poeta a quem vi crescer com segurança e poder há vinte anos. Poeta de tom apurado e ascendente como um violino, poeta preocupado com sua vida e com as outras vidas, poeta húngaro até a medula, húngaro em sua generosa disposição de compartilhar a realidade e os sonhos de um povo. Poeta do amor mais decidido e da ação mais ardente, guarda em sua universalidade a marca singular da grande poesia de sua pátria.
Um jovem poeta maduro, digno da atenção de nossa época. Uma poesia quieta, transparente e embriagadora como o vinho das areias de ouro.

Pablo Neruda, in Confesso que vivi

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