Também conhecida por seu nome em latim,
tu quoque (você também), esta falácia ocorre quando se
aponta uma suposta contradição entre o argumento da pessoa e suas
ações ou afirmações anteriores (Engel). Portanto, ao rebater uma
acusação com outra acusação, o objetivo é desviar a atenção do
mérito do argumento e colocá-la na pessoa que expressou aquela
ideia. Essa característica torna o apelo à hipocrisia um tipo de
ataque ad hominem. E, claro, mesmo que haja inconsistência da
pessoa, o argumento dela ainda pode ser correto.
Num episódio do programa Have I Got
News for You, da TV britânica BBC – que, de forma
bem-humorada, faz perguntas sobre notícias a celebridades –, um
dos convidados criticou um protesto em Londres contra a ganância dos
empresários por conta da aparente hipocrisia dos manifestantes,
usando o surrado argumento de que eles não podiam ser contra o
capitalismo enquanto usavam smartphones e tomavam café
latte.
Outro exemplo vem do filme Obrigado
por fumar, de Jason Reitman, onde um diálogo com várias
falácias tu quoque é concluído da seguinte maneira por um
carismático e inescrupuloso lobista da indústria do fumo, Nick
Taylor: “Só acho engraçado o senador de Vermont me chamar de
hipócrita, quando ele, num mesmo dia, deu uma coletiva de imprensa
defendendo a queima de todas as plantações de tabaco no país, para
depois pegar um jatinho particular e ir até o festival de rock Farm
Aid, onde dirigiu um trator no palco e lamentou o declínio do
agricultor americano.”
Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos
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