Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e
laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de
bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de
laranjas:
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e
bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.
Adélia Prado
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