Esta falácia aposta no medo do público,
criando a ameaça de um futuro assustador caso uma determinada
proposta seja escolhida. Em vez de oferecer provas concretas de que
essa proposta levaria mesmo a tal cenário sombrio, esse tipo de
argumento é baseado apenas em retórica, ameaças ou mentiras
descaradas. Por exemplo: “Peço que todos os funcionários dessa
empresa votem no meu candidato na próxima eleição. Se o outro
candidato ganhar, ele irá aumentar impostos e vocês irão perder
seus empregos.”
Aqui vai um outro exemplo, do livro O
processo (Kafka): “É melhor você me entregar todos os seus
objetos de valor antes que a polícia chegue aqui. Senão, os
policiais vão colocá-los num depósito, e as coisas tendem a se
perder no depósito.” Embora seja quase uma ameaça, ainda que
sutil, há uma tentativa de argumentação. Ameaças ostensivas ou
ordens que não tentem oferecer alguma evidência não podem ser
confundidas com esta falácia, mesmo que busquem explorar o medo de
alguém (Engel). Quando um apelo ao medo descreve uma série de
eventos aterrorizantes que irão ocorrer como resultado de uma
determinada opção – sem conexões causais claras entre a proposta
e essas consequências –, o argumento fica próximo à falácia da
bola de neve. E quando a pessoa fazendo o apelo ao medo
oferece apenas uma alternativa à proposta atacada, a falácia também
pode ser um tipo de falso dilema.
Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos
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