Agora
que vou partir
quero
deixar o amor,
este
amor que não me deixa
nem
partir nem amar.
Quero
deixar-te este amor
para
teus amores,
essas
outras mulheres
que,
por mim, não terás que recusar.
Não
me verás chorar:
limpo
a lágrima à última palavra.
E
saberás
que
não te amei a ti,
mas,
em ti, a vida inteira,
maior
que o sonho de a viver.
Digo-te,
agora que vou:
amar
não basta
e
os amores são sempre poucos.
Talvez
o amor não saiba amar.
Talvez
o amor
seja
um aprendiz
de
esperas e ausências.
Não
me serás fiel, eu sei.
Mas
não haverá traição.
Eu
serei todas as mulheres
que
o teu leito encantar.
E
tu não serás nunca
o
homem de ninguém.
Príncipe,
te sonharás.
Mas
não mais terás princípio.
Mia
Couto
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