Vai
pôr a mesa, mandavam.
Eu
estranhava o verbo
enquanto,
em silêncio de altar,
os
panos tocavam-me os dedos
e
os talheres me desmanchavam o gesto.
Todo
o meio-dia
o
milagre se repetia:
a
toalha, naquele instante,
a
si mesma se bordava
e
um lavrar de terra
sobre
a madeira se anunciava.
Na
casa encantada,
mais
que a refeição,
um
tempo sagrado
se
hospedava entre mãos e pão.
Sobre
a mesa
uma
outra mesa nascia.
Mia
Couto
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