Mestre,
são plácidas
Todas
as horas
Que
nós perdemos,
Se
no perdê-las,
Qual
numa jarra,
Nós
pomos flores.
Não
há tristezas
Nem
alegrias
Na
nossa vida.
Assim
saibamos,
Sábios
incautos,
Não
a viver,
Mas
decorrê-la,
Tranquilos,
plácidos,
Tendo
as crianças
Por
nossas mestras,
E
os olhos cheios
De
Natureza...
À
beira-rio,
À
beira-estrada,
Conforme
calha,
Sempre
no mesmo
Leve
descanso
De
estar vivendo.
O
tempo passa,
Não
nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos,
quase
Maliciosos,
Sentir-nos
ir.
Não
vale a pena
Fazer
um gesto.
Não
se resiste
Ao
deus atroz
Que
os próprios filhos
Devora
sempre.
Colhamos
flores.
Molhemos
leves
As
nossas mãos
Nos
rios calmos,
Para
aprendermos
Calma
também.
Girassóis
sempre
Fitando
o sol,
Da
vida iremos
Tranquilos,
tendo
Nem
o remorso
De
ter vivido.
Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário