quarta-feira, 13 de junho de 2018

Entre o que Vejo

Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo

Passa um momento uma figura de homem.

Os seus passos vão com “ele” na mesma realidade,

Mas eu reparo para ele e para eles, e são duas coisas:

O “homem” vai andando com as suas ideias, falso e estrangeiro,

E os passos vão com o sistema antigo que faz pernas andar.

Olho-o de longe sem opinião nenhuma.

Que perfeito que é nele o que ele é — o seu corpo,

A sua verdadeira realidade que não tem desejos nem esperanças,

Mas músculos e a maneira certa e impessoal de os usar.

Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa

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