Toda a arte da
psicologia ou da ciência da psicologia, se lhe quisermos chamar
assim, é baseada numa inversão do processo de objetividade. Não
que não possamos tornar-nos objetivos, mas que apenas
possamos tornar-nos objetivos depois de termos confrontado as
nossas atitudes não objetivas, as nossas atitudes não racionais.
Atingir uma objetividade honesta significa termos de saber quais os
pontos da nossa natureza que são propensos a determinado
preconceito, que parte de nós é defensiva, que parte de nós
distorce o que ouvimos. E é necessária uma tremenda
auto-honestidade para começar a remover essas distorções e a
clarificar a nossa visão. De modo que só podemos atingir a
objetividade depois de termos descoberto quais as áreas da nossa
psique que não são objetivas.
Além disso, o
reconhecimento básico da psicologia é que, lá bem no íntimo, a
maior parte da nossa vida é desconhecida da mente consciente e que,
quanto mais nos tornamos consciente dela, mais honestos e mais
objetivos nos podemos tornar. Nós não vemos os outros com clareza,
e o que obscurece a nossa visão são os preconceitos que a pessoa
supostamente objetiva se recusa a reconhecer. Uma pessoa objetiva
diria que não é responsável pela guerra, mas uma pessoa que sabe
psicologia sabe que cada um de nós é responsável porque cada um de
nós tem sempre uma área de hostilidade, que depois é projetada
para hostilidades coletivas mais vastas.
Anais
Nin, in Fala
uma mulher
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