domingo, 29 de outubro de 2017

Sigilo de fonte

Quem há de dizer das linhas
que as ondas armem e não armem?
Quem há de dizer das flâmulas,
lágrimas acesas, tantas lâmpadas,
milagres, passando rápidas?
Diga você, já que se sabe
que nem tudo na água é margem,
nem tudo é motivo de escândalo,
nem tudo me diz eu te amo,
nem tudo na terra é miragem.
Signos, sonhos, sombras, imagens,
ninguém vai nunca saber
quantas mensagens nos trazem.
lá vai um homem sozinho
o que ele pensa da noite
eu não sei
apenas adivinho
pensa o que pensa
todo mundo indo
um dia
eu já tive vizinho.
Paulo Leminski

Nenhum comentário:

Postar um comentário