terça-feira, 17 de outubro de 2017

A poesia, a salvação e a vida - II

Eu vivo sob um poder

que às vezes está no sonho,

no som de certas palavras agrupadas,

em coisas que dentro de mim

refulgem como ouro:

a baciinha de lata onde meu pai

fazia espuma com o pincel de barba.

De tudo uma veste teço e me cubro.

Mas, se esqueço a paciência,

me escapam o céu

e a margarida-do-campo.

Adélia Prado

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