segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Ao ponto

Há quem receite a palavra ao ponto de osso, de oco
ao ponto de ninguém e de nuvem.
Sou mais a palavra com febre, decaída,
fodida, na sarjeta.
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro,
envergá-las pro chão, corrompê-las
até que padeçam de mim e me sujem de branco.
Sonho exercer com elas o ofício de criado:
usá-las como quem usa brincos.
Manoel de Barros

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