“Esta
manhã o ar estava cheio de anjos”
e
sua súbita beleza era quase invisível
A
manhã era os mesmos e transparentes anjos
e
seus frágeis caminhos eram quase visíveis
Agora
é noite e um anjo desgarrado
debate-se
impotente no pegajoso mar
Numa
praia distante suas asas são algas
e
misteriosamente a noite está deserta
Ouço
o teu canto pobre anjo decaído
mas
estou preso e o abutre me contempla
Por
que amaldiçoas quem imortal te fez?
a
manhã não tem culpa se não vem nunca
mais
cheia de anjos indecisos caminhando
sem
pés sobre os caminhos do ar
Por
que o desespero alma esquecida?
É
teu consolo o teres sido um anjo.
Mário
Faustino
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