É por demais de grande a natureza de
Deus.
Eu queria fazer para mim uma naturezinha
particular.
Tão pequena que coubesse na ponta do meu
lápis.
Fosse ela, quem me dera, só do tamanho
do meu quintal.
No quintal ia nascer um pé de tamarino
apenas
para uso dos passarinhos.
E que as manhãs elaborassem outras aves
para compor o azul do céu.
E se não fosse pedir demais
eu queria que no fundo corresse um rio.
Na verdade na verdade a coisa mais
importante
que eu desejava era o rio.
No rio eu e a nossa turma,
a gente iria todo dia jogar cangapé nas
águas correntes.
Essa, eu penso, é que seria
a minha naturezinha particular:
Até onde o meu pequeno lápis poderia
alcançar.
Manoel de Barros
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