O
eu nem nome tem. O meu nome, diz ele, é João. E daí? É como se
dissesse o meu nariz, os meus óculos, o meu par de sapatos.
Este
eu irredutível é o que existe de mais impessoal portanto, mais
vasto e mais profundo — o assunto primeiro e último dos poemas, o
campo de batalha dos anjos.
O
resto é a pessoa ocasional, isto é, o indivíduo a quem emprestaram
o nome de João, que comprou um par de sapatos, que usa óculos e se
julga dono do próprio nariz.
Mário
Quintana, in A vaca e o hipogrifo
Nenhum comentário:
Postar um comentário