sábado, 8 de abril de 2017

Bagagem

Arrumo a valise para a partida.
É bagagem de pouco peso
porque vai desprovida de vaidade.
Sonhos moldam-se aos espaços disponíveis;
o resto são afetos e saudades.
Dispenso cadeado:
sentimento não é coisa pra se roubar.
Tampouco colo etiquetas,
já que as curvas do meu caminho
nem eu mesma sei onde vão dar.
Uma flor no cabelo,
uma reza no peito,
a cruz companheira,
saio de alma lavada à procura de mim.
Guardo nos olhos as cenas que vivi
e parto em busca de uma tarde de rubi.
Flora Figueiredo

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