Vão
dizer que não existo propriamente dito.
Que
sou um ente de sílabas.
Vão
dizer que eu tenho vocação pra ninguém.
Meu
pai costumava me alertar:
Quem
acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som das palavras
Ou
é ninguém ou zoró.
Eu
teria treze anos.
De
tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes
que
se perdia nos longes da Bolívia
E
veio uma iluminura em mim.
Foi
a primeira iluminura.
Daí
botei meu primeiro verso:
Aquele
morro bem que entorta a bunda da paisagem.
Mostrei
a obra pra minha mãe.
A
mãe falou:
Agora
você vai ter que assumir as suas irresponsabilidades.
Eu
assumi: entrei no mundo das imagens.
Manoel
de Barros
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