Têm
cheiro especial
as
bolas de carne cozinhando.
O
cachorro olha pra gente
com
um olho piedoso,
mas
eu não dou.
Comida
de cachorro é muxiba,
resto
de prato.
Se
lembro disto de noite
e
estou sozinha no quarto
acho
muito engraçado
e
rio com estardalhaço:
a
vida é mesmo uma pândega!
Dona
Ló costurou pra dona Corina
que
até hoje não pagou.
E
bem que pode, já que exibe no lixo
papel
higiênico Sublime,
que
é do melhor e mais caro.
Mas
os meninos se vingam:
có
có có có có corina
có
có có có có corina
sua
roupa de baixo
tem
catinga de urina.
O
sol se põe intocado
atrás
do morro onde ninguém nunca foi.
É
brasa sua viva cor. Tem roxos,
uma
angústia pendente
que
sorvo em goles de antecipada saudade.
Quando
a noite fechar,
dona
Corina vai dormir com seu Lula,
homem
sem fantasia,
que
só faz as coisas de um jeito.
Dona
Ló é viúva e dorme com Santa Bárbara,
“fulgente
margarita que com melodia agradável
segues
ao Esposo Cordeiro”.
Se
não estou compassiva, boto as mãos nas cadeiras
e
grito para o Radar: É DEVERA!
Ele
bota o rabo entre as pernas
e
vai dormir na coberta.
Ai,
Deus, minha virgindade se consome
entre
precisar de feijão,
pó
de café e açúcar.
Tem
piedade de mim.
Adélia
Prado
Nenhum comentário:
Postar um comentário