terça-feira, 1 de novembro de 2016

Alegria ausente

O cristianismo, para além daquilo que trouxe — e trouxe coisas belíssimas, tenho ali a “Paixão segundo s. Mateus”, de J. S. Bach —, deu lugar a uma arte que atingiu as mais excelsas alturas, na pintura, na música, na poesia, na arquitetura, na escultura. Produziu tipos humanos admiráveis, um s. Francisco de Assis. Mas há o outro lado da balança: o sangue, o sofrimento, a angústia, a renúncia, o pecado. É uma religião de onde a alegria está ausente, ou então há um certo tipo de alegria que não passa pelo humano, pelo corpo.
José Saramago, in As palavras de Saramago

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