terça-feira, 9 de agosto de 2016

Retorno da poesia

(A Alphonsus de Guimaraens Filho)

Fugiu com seus guardados de solteira
e magoado perfil. Fez-se estrangeiro
plantel de náusea e susto no aguaceiro
em que a precipitou nossa cegueira.

Nós a perdemos, sim. Água ligeira,
pura inscrição no azul. Maio primeiro
Platô de vidro sob o céu ordeiro.
Raio (ou ninho) de sol na cumeeira.

Mas essa luz que foge à própria presa,
rastilho na calçada, sobe acesa
os degraus meio cruz do novo dia.

Sendo-seria a luz poesia,
não há por que morrer. senta-te à mesa,
reúne os teus e chora de alegria.
Homero Homem

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