“Admirável,
realmente, o indiferentismo fatalista do camponês húngaro, que
morre sem relutância nem amargura. Ao declarar –‘Cumpriu-se o
meu destino’ – inclina docilmente a cabeça e começa a ditar ao
senhor notário suas disposições de última vontade. Ou ainda
pergunta: ‘-Que tenho mais que fazer aqui?’ Assim agiu Csépi
Marci, o velho guarda-noturno, quando perdeu o seu modesto emprego.
‘- Que é que temos?’ – perguntou à mulher. Tinham ainda um
pão e um pouco de repolho cru no fundo do tonel. Foi o bastante para
nutrir Marci durante dois dias; e quando, à noitinha do segundo dia
acabou de engolir o último pedacinho de pão, deitou-se no banco do
forno, colocou as botas debaixo da cabeça, fechou os olhos e morreu,
certo de que não tinha mais nada que fazer neste mundo de misérias.”
Mikszáth
Kálman, in
A
mosca
verde
e o esquilo
amarelo
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