“Na
modorra das tardes vadias da fazenda, era num sítio, lá no bosque,
que eu escapava aos olhos apreensivos da família. Amainava a febre
dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado
à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma, vergada
ao peso de um botão vermelho. Não eram duendes aqueles troncos
todos ao meu redor velando em silêncio e cheios de paciência o meu
sono adolescente? Que urnas tão antigas eram essas liberando as
vozes protetoras que me chamavam da varanda?”
Raduan
Nassar, in Lavoura arcaica
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