Em discurso pela coletividade, Mujica afirma que o Brasil mudou muito positivamente, mas que a população, em geral, não reconhece os ganhos sociais e atribui o progresso ao esforço individual. O ex-presidente uruguaio também comentou as manifestações de rua no Brasil – mais especificamente a respeito dos grupos que pedem a volta dos militares ao poder.
O
ex-presidente uruguaio Jose “Pepe” Mujica disse, após receber
homenagem da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da
América do Sul (Federasur), que o Brasil mudou muito positivamente,
mas que a população, em geral, não reconhece os ganhos sociais e
atribui o progresso exclusivamente ao esforço individual.
“Muita
gente que melhorou não se dá conta de que a melhora é resultado de
medidas que foram tomadas ao
longo dos anos. Muita gente crê que melhorou apenas pelo seu esforço
individual e não vê que lhe deram a oportunidade. Isso se passa não
apenas no Brasil, mas em todos os lugares, em outras sociedades
modernas”, apontou Mujica, na Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), no centro do Rio.
O
ex-presidente se recusou a fazer críticas à presidente Dilma
Rousseff e disse que é preciso ter habilidade diplomática e carinho
com o povo brasileiro. Ao ser informado sobre a ocorrência de
manifestações de rua que pedem a volta dos militares no poder,
Mujica foi enfático: “As pessoas que clamam por isso são loucas!
Loucas! Qualquer democracia, por pior que seja, é melhor que uma
ditadura”, disse ele, que passou 14 anos encarcerado no período
ditatorial do Uruguai.
Mujica,
que abriu mão de 90% de seu salário enquanto esteve no comando de
seu país, argumentou que não prega voto de pobreza, mas alertou
para o fato de que a ganância de homens públicos pelo dinheiro está
matando a confiança na política. O uruguaio foi aplaudido de pé
quando defendeu que os políticos devem viver como a maioria da
população.
“Eles
têm que viver como a maioria, e não como a minoria privilegiada. Se
o político se acostuma a comer na mesa e a ir à casa dos muito
ricos, ele pensará que é muito rico também. Se ele faz isso, ele
afeta a confiança, e o homem precisa confiar em algo. Aquele que só
gosta de dinheiro não deve ter lugar dentro da política.”,
concluiu o senador uruguaio.
Em
seu discurso, que durou trinta minutos, o ex-presidente disse que não
vive sem utopia, que “só a multidão pode mudar a realidade”,
que “não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis”
e criticou os imperativos do capitalismo.
“Quem
disse que para ser feliz é preciso comprar um telefone novo a cada
quatro meses? Por que trocar o carro a cada dois anos? Pagar cotas e
cotas e cotas para o resto da vida? Isso é felicidade? O que está
em jogo é a felicidade humana, e ela está em poucas coisas: na
juventude, no amor. Entre ser desenvolvido e ser feliz, mais vale não
ser desenvolvido”.
Fonte:
www.pragmatismopolitico.com.br, de 28/08/2015
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