“Eu
tenho à medida que designo e este é o esplendor de se ter
linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo
designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como
vou buscar – e como não acho. Mas é do buscar e não achar que
nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A
linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho de ir buscar e
por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indizível.
O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha
linguagem. Só quando falha a construção é que tenho o que ela não
conseguiu.”
Clarice
Lispector,
in A
paixão segundo G.H.
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