“O prazer é abrir as mãos e
deixar escorrer sem avareza o vazio-pleno que se estava encarniçadamente
prendendo. E de súbito o sobressalto: ah, abri as mãos e o coração, e não estou
perdendo nada! E o susto: acorde, pois há o perigo do coração estar livre! Até
que se percebe que nesse espraiar-se está o prazer muito perigoso de ser. Mas
vem uma segurança estranha: sempre ter-se-á o que gastar. Não ter pois avareza
com esse vazio-pleno: gastá-lo.”
Clarice Lispector
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