"Ninguém pode mandar só, se houver de
mandar como convém. Ao lado do ofício de mandar, deve andar sempre o ofício de
sugerir, ou como companheiro, ou como instrumento inseparável. A obrigação e
exercício deste segundo e tão importante ofício, é o que significa a mesma
palavra sugerir; que vem a ser, lembrar, advertir, inspirar, aconselhar,
conferir, persuadir, despertar, instar. Os talentos que para o mesmo ofício se
requerem, são maiores e mais relevantes: grande entendimento, grande
compreensão, grande juízo, grande conselho, grande zelo, grande fidelidade,
grande vigilância, grande cuidado, grande valor. As disposições e os meios com
que se exercita, ainda são de mais altas e mais interiores prerrogativas: suma
comunicação, suma confiança, íntima amizade, íntima familiaridade, íntimo amor;
e não só perfeita união, senão ainda unidade. De sorte que os dois sujeitos em
que concorrerem estes dois ofícios, de tal maneira hão-de ser dois, que
verdadeiramente sejam um: de tal maneira hão-de ser diversos, que verdadeiramente
sejam o mesmo. Há-se de multiplicar neles o número, mas não se há-de dividir a
unidade.”
Padre
Antônio Vieira, in Sermões
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