segunda-feira, 3 de junho de 2013

Era um ramo de mato seco

O primeiro braço se ergueu
E com ele as rugas
De um ramo de mato seco carregado no rio.

Os podres foram de encontro ao segundo braço
E os parceiros da miséria armaram tocaia
Meia noite escuridão belas armas
Apenas um ramo de mato seco carregado no rio.

O terceiro braço se ergueu
Altivo possante ambicioso.
Foi levado pela música do medo
Entre bueiros e frestas
Até não se lembrar de antigas habilidades:
Tapa na cara
Equilíbrio do corpo
Galanteios divinos
Chagas nos cotovelos num quebra-braço
Era um ramo de mato seco carregado no rio.

Outros muitos braços se ergueram
E com eles as palmas mudas
O esmalte ocre da terra
O tapa fofo
O equilíbrio falso do corpo
Os galanteios negados
Os trejeitos século 20.
A sagaz melodia do medo não resiste tempos
Lógica mordaz: morte
Um ramo de mato seco carregado no rio.
Murilo Antunes

Nenhum comentário:

Postar um comentário