“Quero que me ensinem também o valor
sagrado da justiça — da justiça que apenas tem em vista o bem dos outros, e
para si mesma nada reclama senão o direito de ser posta em prática. A justiça
nada tem a ver com a ambição ou a cobiça da fama, apenas pretende merecer aos
seus próprios olhos. Acima de tudo, cada um de nós deve convencer-se de que
temos de ser justos sem buscar recompensa. Mais ainda: cada um de nós deve
convencer-se de que por esta inestimável virtude devemos estar prontos a
arriscar a vida, abstendo-nos o mais possível de quaisquer considerações de
comodidade pessoal. Não há que pensar qual virá a ser o prêmio de um ato justo;
o maior prêmio está no fato de ele ser praticado. Mete também na tua ideia
aquilo que há pouco te dizia: não interessa para nada saber quantas pessoas
estão a par do teu espírito de justiça. Fazer publicidade da nossa virtude
significa que nos preocupamos com a fama, e não com a virtude em si. Não queres
ser justo sem gozares da fama de o ser? Pois fica sabendo: muitas vezes não
poderás ser justo sem que façam mau juízo de ti! Em tal circunstância, se te
comportares como sábio, até sentirás prazer em ser mal julgado por uma causa
nobre!”
Sêneca, in Cartas
a Lucílio
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