Por que os
elementos, tão pródigos, me dão
Vida e alimento,
se eles são substâncias mais puras
Que eu, e não se
destinam, como eu, à corrupção?
Por que toleras
tudo, estúpido cavalo?
Por que mostras
fraqueza enquanto vais às cegas
E docilmente,
touro, se o homem a quem te entregas
E que te mata,
podes muito bem devorá-lo?
Sou mais fraco,
ai de mim, e sou pior que vós,
Que não pecastes
nunca, e assim nada temeis.
Milagre dos
milagres, pois foram para nós
Subjugadas as
coisas, conforme obscuras leis;
E o seu Criador,
que nunca um erro cometeu,
Por
nós, suas criaturas, e inimigos, morreu.
John Donne – Tradução de Afonso Felix de Sousa
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