O fotógrafo
Sebastião Salgado registra a pata de uma iguana nas Ilhas Galápagos para o
livro “Genêsis”
Após
oito anos e mais de 30 viagens buscando a natureza em estado original, nasceu
"Gênesis", o último grande projeto do fotógrafo Sebastião Salgado, um
livro de mais de 500 páginas de aterradoras imagens com toda as tonalidades
possíveis do preto e branco.
Depois de
realizar trabalhos mundialmente conhecidos como "Trabalhadores" e
"Êxodos", o livro "Gênesis" é a homenagem de Salgado a uma
porção do planeta Terra que permanece virgem, driblando de forma quase
milagrosa o desenvolvimento e a incursão da sociedade moderna.
O projeto,
realizado entre 2004 e 2012, teve prévia em uma exposição ao ar livre em
Oviedo, na Espanha, em 2006. Os capítulos são divididos em "Extremo Sul do
Planeta", "Extremo Norte do Planeta", "África",
"Amazônia/Pantanal" e "Santuários do Planeta". O livro será
lançado mundialmente neste mês.
Além disso, foi
lançada uma edição limitada, concebida como um portfólio de grande formato e em
dois volumes, que estará disponível somente em inglês, informou a editora.
Nascido em 8 de
fevereiro de 1944 na cidade de Aimorés (MG), Salgado é um mestre do
enquadramento e da luz. Neste projeto são reveladas em todas as tonalidades o
preto e branco, já que nunca usa outras cores em seus trabalhos.
O
fotógrafo brasileiro, que em 1994 fundou em Paris sua agência As Imagens da
Amazônia, embarcou em uma dura expedição que o levou a viajar às vezes de
canoa, balão, navio, aviões bimotores e até a fazer longas caminhadas, em
algumas ocasiões com calor ou frio extremo.
Imagens de
baleias, pinguins, leões marinhos, jacarés, jaguares, leões e elefantes
africanos são mescladas com instantâneas dos vulcões da África Central, os
desfiladeiros do Grande Cânion e icebergs de formas improváveis, como o que
ilustra a capa da publicação.
Os cenários
impressionantes que Salgado retrata ganham ainda mais força com o contraste que
as lentes do mineiro buscam entre céu e terra, neve e mar. As luzes, as sombras
e os movimentos desfocados são os instrumentos que o fotógrafo utiliza para
emoldurar cada uma das imagens que compõem o trabalho.
Mas
"Gênesis" não é só um catálogo de paisagens naturais. Inclui um
surpreendente retrato de seres humanos que vivem em equilíbrio natural com seu
ecossistema, como a tribo dos Zo'e, isolada na Floresta Amazônica, os criadores
de gado nômades Dinka no Sudão e a etnia Korowai de Papua Nova Guiné.
Trata-se de
fotografias que se sobressaem pela beleza natural e que foram captadas por
Salgado em momentos de plenitude. Porque o artista descreve o livro de uma
forma tão simples quanto rotunda: "minha carta de amor à Terra".
Seu objetivo com
o projeto era captar a beleza do planeta e dar uma pequena colaboração para
"reverter o dano causado e conservá-lo para o futuro".
Entre
todas as imagens, uma se destaca. Publicada na página 121 do livro e captada durante
os 90 dias que passou nas ilhas Galápagos, onde iniciou a aventura: o registro
da pata de uma iguana (foto), que mostra uma inquietante semelhança com a mão
humana.
"Gênesis"
é o resultado de uma trajetória frutífera e também seu modo de conscientizar a
sociedade sobre a importância de conservar o planeta.
O projeto será complementado ainda com um
filme de Win Wenders em parceria com o fotógrafo, além de uma exposição que
percorrerá a partir do dia 11 cidades como Londres (Inglaterra), Rio de Janeiro
(Brasil), Roma (Itália), Toronto (Canadá), Paris (França) e Lausanne (Suíça).
Almudena
Gonzáles, in
entretenimento.uol.com.br
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