sábado, 20 de abril de 2013

H. A. Lorentz, criador e personalidade (excerto final)


“Ele [Lorentz] dominava a física e a matemática e, de igual maneira, dominava-se a si mesmo sem dificuldade e com serenidade constante. Nele a ausência de fraqueza humana jamais deprimia seus semelhantes. Cada um sentia sua superioridade, mas ninguém se acabrunhava por isso. Embora tivesse grande intuição dos homens e das situações, conservava extrema cortesia. Jamais agia por constrangimento, mas por espírito de serviço e de auxílio mútuo. Extremamente consciencioso, concedia a cada coisa a importância devida, porém não mais. Seu temperamento muito alegre o protegia. Olhos e sorriso se divertiam. Apesar de totalmente devotado ao conhecimento científico, estava convencido de que nossa compreensão não pode ir muito longe na essência das coisas. Esta atitude, meio cética, meio humilde, só vim a compreendê-la verdadeiramente em idade mais avançada.
A linguagem, ou pelo menos a minha, não pode corresponder corretamente às exigências deste ensaio de reflexão à respeito de H. A. Lorentz. Queria então tentar lembrar-me de duas curtas sentenças de Lorentz. Elas tiveram sobre mim profunda influência: ‘Sou feliz por pertencer a uma nção pequena demais para cometer grandes loucuras’. Em conversa, durante a Primeira Guerra Mundial, com um homem que tentava persuadi-lo de que os destinos se forjam pela força e pela violência, respondeu: ‘O senhor talvez tenha razão, mas eu não gostaria de viver num universo assim’’’.
Albert Einstein, in Como vejo o mundo

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