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Num monturo esgravatando,
Formoso galo aguerrido
Acha uma pérola fina,
Que havia um nobre perdido.
Por três vezes a escoucinha
Sem nela querer pegar,
À quarta, erguendo-a no bico,
Se põe a cacarejar.
Vêm logo algumas galinhas
Cuidando que era algum grão;
Mas vendo a pérola, tristes
Vão-se, deixando-a no chão.
Acaso passa um ourives,
E apanhando-a, alegre diz:
“É uma pérola fina!”
“Que belo achado fiz!”
“Homem”, lhe pergunta o galo,
“Tanto essa jóia merece?
Pois eu por um grão de milho
Te dera mil, se as tivesse.”
Pérola em poder de galo,
Que lhe não sabe o valor,
É como entre as mãos dum néscio
As obras de um sábio autor.
Curvo
Semedo
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