Quem passa em frente à casa de Simon Dale pode
ter a impressão de estar em um cenário de filme épico ou começar a crer que
seus novos vizinhos são hobbits – aqueles homenzinhos valentes de pés e orelhas
grandes ao estilo O Senhor dos Anéis. Entretanto, trata-se apenas da residência
ecologicamente correta de uma família comum no País de Gales.
Toda projetada e construída pelo próprio Simon
com a ajuda de seu sogro, a moradia foi pensada com o intuito de amenizar os
impactos da construção civil. “Mudamos para a casa quatro meses depois que
comecei a construí-la, e tudo foi pensado para ser feito em benefício do meio
ambiente” conta. “Além disso, é uma oportunidade única de viver bem próximo à
natureza, coisa que amamos.”
Todos os materiais usados na empreitada são
naturais ou têm a menor quantidade de elementos considerados nocivos ao já
desgastado planeta. “É muito bom ser seu próprio arquiteto. Criar com liberdade
não tem preço”, considera. Mais parecida com uma caverna adaptada à vida
humana, a casa possui diversos compromissos com o meio ambiente, listados pelo
próprio Simon. A estrutura foi escavada em uma ladeira segura, espécie de
abrigo que evita poluição visual.
Além disso, seus muros e paredes foram feitos com
pedras e lama provenientes da própria escavação. Um revestimento de palha isola
as paredes, o chão e o telhado e garante temperatura amena tanto no frio como
no calor. O cimento foi substituído pela cal, que é um material mais barato.
Todos os ambientes são adaptados para a entrada da luz natural, e paineis
solares garantem a energia que abastece a residência. A água é coletada de uma
fonte natural no jardim e os banheiros contam com sistema de compostagem.
O projeto, liberado pelas autoridades galesas,
está em expansão desde 2009, quando a família iniciou outras pequenas obras que
fazem parte do projeto chamado Lammas – a primeira ecovila da Grã-Bretanha.
Simon, que não é arquiteto, nem carpinteiro, considera que “para saber como
maltratar o meio-ambiente da maneira menos dolorosa possível basta ser uma
pessoa informada. É um tipo de construção acessível a todos.”
E dá o recado: “vivemos em uma sociedade muito
dependente das fontes de energia de combustíveis fósseis e isso não é bom. Uma
hora os suprimentos vão acabar. É hora da mudança.”
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