quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Na primeira manhã


Na primeira manhã que te perdi 
Acordei mais cansado que sozinho 
Como um conde falando aos passarinhos 
Como uma bumba-meu-boi sem capitão 
E gemi como geme o arvoredo 
Como a brisa descendo das colinas 
Como quem perde o prumo e desatina 
Como um boi no meio da multidão.

Na segunda manhã que te perdi 
Era tarde demais pra ser sozinho 
Cruzei ruas, estradas e caminhos 
Como um carro correndo em contramão 
Pelo canto da boca num sussurro 
Fiz um canto demente, absurdo 
O lamento noturno dos viúvos 
Como um gato gemendo no porão 
Solidão.

Composição de Alceu Valença

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