Lido com minhas palavras da mesma
forma como o cozinheiro lida com a comida que prepara... Lições
como festas gastronômicas...
O cozinheiro vive de palavras. O fogo
está sempre aceso e as panelas estão sempre fervendo na sua
imaginação. Seus olhos veem cores invisíveis, seu nariz sente
cheiros ausentes, sua boca sente o gosto de gostos inexistentes. E o
seu corpo é possuído pela comida que ele ainda não preparou. Sua
imaginação é uma cozinha e um banquete. Ele vive no futuro, no
prato que não existe. Ele é um ser escatológico. Só existe nas
palavras – receitas…
Rubem Alves, em Do universo à jabuticaba
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