Hey Jude, don’t make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it
better
Hey Jude, don’t be afraid
You were made to go out and get her
The minute you let her under your
skin
Then you begin to make it better
And anytime you feel the pain
Hey Jude, refrain
Don’t carry the world upon your
shoulder
For well you know that it’s a
fool
Who plays it cool
By making his world a little colder
Hey Jude, don’t let me down
You have found her, now go and get
her
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it
better
So let it out and let it in
Hey Jude, begin
You’re waiting for someone to
perform with
And don’t you know that it’s
just you
Hey Jude, you’ll do
The movement you need is on your
shoulder
Hey Jude, don’t make it bad
Take a sad song and make it better
Remember to let her under your skin
Then you begin to make it better
Better, better, better, better,
better
Hey Jude
A primeira vez que eu toquei esta
canção para John e Yoko foi no chamado “Piano Mágico”, na
minha sala de música. Eu estava sentado ao piano, e eles estavam em
pé, atrás de mim, quase em meu ombro. Então, quando cantei “The
movement you need is on your shoulder”, imediatamente me virei
para John e falei: “Não se preocupe, vou mudar isso”, e ele me
olhou bem sério e disse: “Não vai, não. É o melhor verso da
letra”. Então, esse verso que eu ia jogar fora teve que ficar. É
um ótimo exemplo de como funcionava a nossa colaboração. Foi tanta
a firmeza dele em manter aquele verso que hoje, quando eu canto “Hey
Jude”, eu sempre penso em John, e para mim esse acabou se tornando
um ponto emocional da canção.
Era um momento delicado, claro, porque
eu nem tenho certeza se ele sabia na época que a canção era para o
filho dele, Julian. A canção se originou no dia em que viajei para
visitar Julian e a mãe dele, Cynthia. Nesse ponto, John tinha
deixado Cynthia, e fui a Kenwood como amigo, para dar um oi e ver
como eles estavam. As pessoas insinuaram que eu gostava de Cynthia,
isso é normal, mas não é o caso. Eu estava pensando em como seria
difícil para Jules, como eu o chamava, aquela situação toda. O pai
saindo de casa, os pais se divorciando. Começou como uma canção de
encorajamento.
Em geral, o que acontece com uma
canção é que ela começa num filão – nesse caso, estar
preocupado com algo na vida, uma coisa específica, como um divórcio
–, mas depois começa a se transformar numa criatura própria.
Primeiro, o título era “Hey Jules”, mas mudou rapidamente para
“Hey Jude”, pois achei que era um pouco menos específico.
Percebi que ninguém ia saber exatamente do que se tratava, então eu
poderia muito bem abri-la um pouco. Ironicamente, por um tempo John
pensou que era sobre ele, sobre eu dar permissão para ele ficar com
Yoko: “You have found her, now go and get her”. Até então
eu não conhecia alguém chamado Jude. Mas eu gostava desse nome –
em parte, acredito, por conta daquela melancólica canção do
Oklahoma!, “Pore Jud Is Daid”.
O que acontece a seguir é que eu
começo a adicionar elementos. Quando eu escrevo “You were made
to go out and get her”, entra em cena agora outro personagem,
uma mulher. Portanto, agora pode ser uma canção sobre um rompimento
ou um contratempo romântico. Nesse ponto, a canção deixou de ser
sobre Julian. Agora pode ser sobre o relacionamento com essa nova
mulher. Acho legal que minhas canções tenham elementos masculinos
ou femininos que se universalizam.
E a canção ganhou outro elemento
adicional: o refrão. Não era para “Hey Jude” ter essa duração,
mas estávamos nos divertindo tanto improvisando no final que se
transformou num hino, e a orquestração foi aumentando e aumentando,
em parte porque houve tempo para isso.
Aconteceu uma coisa engraçada no
estúdio durante a gravação. Achando que todos estavam prontos, eu
comecei a canção, mas Ringo tinha escapulido para o banheiro.
Então, durante a gravação, eu o senti passando atrás de mim, na
ponta dos pés, e ele assumiu a bateria exatamente na parte que ele
entrava, sem perder uma só batida. Então, enquanto estamos
gravando, estou pensando “O take é este”, e você acaba
colocando um pouco mais nele. Estávamos nos divertindo tanto que
deixamos escapar um palavrão na metade, quando eu cometi um erro na
parte do piano. Você tem que ouvir com atenção para ouvir, mas
está ali.
Depois que a mixamos, Mick Jagger
ouviu o acetato original da gravação no Vesuvio Club, na Tottenham
Court Road. Entreguei uma cópia ao DJ quando cheguei lá e pedi a
ele que a tocasse em algum momento da noite para ver como soava.
Depois de escutá-la, Mick se aproximou e disse: “Que coisa mais
incrível! É como se fossem duas canções!”.
“Hey Jude” também foi o primeiro
single de nossa nova gravadora Apple, e acredito que se tornou o
nosso single de maior sucesso. A canção era muito longa para um
single padrão de sete polegadas, então os engenheiros tiveram que
fazer uns truques de estúdio com o volume para fazê-la caber num
lado, e acabou chegando ao número um nas paradas de quase todos os
países. Foi divertido fundar a gravadora. O logotipo da Apple foi
inspirado numa pintura de René Magritte que eu tinha comprado, e nas
etiquetas dos discos da gravadora colocamos uma maçã verde Granny
Smith no lado A e um corte transversal dela no lado B. Algumas
pessoas pensaram que a imagem do lado B era um tanto provocante,
talvez até pornográfica, mas era só um trocadilho visual com
“Apple Corps”.
A partir daí, a canção se tornou um
destaque de nossos shows, e o refrão ganhou vida própria. Quando as
pessoas me perguntam por que ainda faço turnês, digo que é por
causa de momentos de interação como esse. Pode haver plateias de
dezenas de milhares de pessoas ou até mesmo centenas de milhares,
todas cantando, e isso é um regozijo. A letra é tão simples que
qualquer um pode cantar junto!
Assim, “Hey Jude” começou com a
minha preocupação com Julian e se transformou num momento de
celebração. Também vejo com bons olhos o fato de que as pessoas
interpretam as minhas canções a seu modo. Sempre fico feliz quando
a letra é um pouco modificada. Quando as pessoas entendem mal uma
parte da letra, isso mostra que elas “se apropriaram” da canção,
como o pessoal diz. Deixei a canção ir. Agora ela é de vocês.
Agora façam com ela o que quiserem. É como se você pudesse
carregar a canção em seus próprios ombros.
Paul McCartney, em As Letras: 1956 até o presente

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