Carlos,
Não sei se você pegou o WhatsApp que
eu te mandei, avisando que eu tinha te mandado uma mensagem via SMS.
A mensagem era referente ao e-mail que eu te enviei pedindo desculpa
pela quantidade de recados que eu deixei na sua caixa postal, onde li
em voz alta as mensagens que eu te mandei por inbox. Eu sei que
exagerei na quantidade de inboxes, mas às vezes as mensagens vão
parar na caixa Outros, sobretudo depois que a pessoa te bloqueou.
Comentei no seu Instagram que tinha tentado te mandar uma DM no
Twitter, mas não tinha conseguido porque você não me seguia. Na DM
te perguntava se você ainda usa Orkut. Lá te mandei um monte de
testimonials (não é pra aceitar, é só pra ler), perguntando seu
novo endereço, porque as cartas que te mando têm voltado, assim
como os telegramas. Pensei em te mandar um fax, mas logo lembrei que
queimei o meu fax na fogueira que fiz pra te mandar sinais de fumaça,
que causou um incêndio no prédio, que resultou na minha expulsão,
que acabou me trazendo pra casa em que estou hoje. Me mudei e custei
a perceber que você talvez estivesse escrevendo para o meu endereço
antigo. Pensei em passar no meu antigo prédio pra checar se não
havia cartas suas por lá, mas lembrei que não sou benquista no
bairro, depois do incêndio. Pensei em passar no seu prédio, mas
tampouco sou benquista por aí, por causa da maldita ordem de
restrição. Por isso comprei um pombo, que passei um tempo tentando
adestrar para buscar as cartas que você tem escrito pra mim. Amarrei
uma mensagem no pé dele e mostrei o caminho da sua casa no mapa do
iPhone. Atirei o bicho pela janela, mas ele nunca voltou. Pensei que
ele talvez tivesse sido apreendido pela polícia. Reli a ordem de
restrição, mas ela não faz menção ao envio de
animais-de-correio. Concluí, então, que a culpa é da Apple, que
definitivamente não sabe fazer mapas. Se por acaso vir um pombo
pardo, perdidinho, com uma longa carta na pata esquerda, é o meu. Um
conselho: quando for mandá-lo de volta, não use o mapa da Apple,
use o Google Maps. Hoje estou morando em um lugar agradabilíssimo,
mas que insiste em me privar de caneta e papel, assim como das minhas
mãos, que no momento estão presas em uma linda camisa branca de
mangas longas (demais). Por isso te mando esta mensagem telepática,
que peço que responda telepaticamente, pois de outro modo talvez não
chegue até mim. Sempre sua,
Carmem
Gregório Duvivier, em Put some farofa
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